terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Os Melhores do Ano: Top 20 [10º-1º] #2014

Depois da primeira parte do TOP 20 de 2014 do Hoje Vi(vi) um Filme, aqui ficam os dez lugares que faltam, aqueles que foram os melhores do ano, estreados no circuito comercial de cinema em Portugal.

Eis o top 10:

A monstruosa performance de Jake Gyllenhaal comanda Nightcrawler - Repórter na Noite. Como ele vamos percorrer uma Los Angeles nocturna, entre acidentes, perseguições e crimes sangrentos, em busca do furo perfeito, o mais sensacionalista possível. Com NightcrawlerDan Gilroy leva-nos a integrar uma equipa de reportagem liderada por um sádico - ninguém melhor para este trabalho, efectivamente.



Uma viagem à tradição, ao Alentejo profundo, mas também a todos os locais por onde estes cantos deixam marcas ou renascem da boca e para os ouvidos de gente de todas as idades. Das vozes femininas às masculinas, das vozes magoadas pela terra e pela vida, aos jovens que amam a tradição e sentem cada verso do que cantam, ou às crianças que começam agora a conhecer e a aprender - mesmo longe da região mãe -, este documentário apresenta um intimo e arrepiante registo dos cantares populares alentejanos na actualidade.



Richard Linklater fez História no cinema. A aparente simplicidade de Boyhood acaba quando tomamos consciência de que a mesma equipa se reuniu todos os 12 anos de produção, dando, cada um deles, um pouco da sua vida, do seu crescimento/envelhecimento a este filme. É isto mesmo que o torna especial: a coragem e comprometimento de actores e técnicos e a persistência de Linklater em levar avante este projecto singular.



7. Snowpiercer - Expresso do Amanhã (Snowpiercer), de  Bong Joon-ho, 2013
Num futuro distópico, onde a humanidade vive num comboio às voltas por um planeta Terra congelado, reina a supremacia de ricos sobre pobres. Tudo é negro e sujo do lado da maioria, que luta pela igualdade. Os sobreviventes dão tudo de si para chegar ao comando da máquina e as mortes sucedem-se. Snowpiercer é uma alegoria do mundo actual, por muito tenebrosa que seja, mas que mostra bem a alienação, as doenças e o que faz o poder.



6. Ilo Ilo, de Anthony Chen, 2013
Simples e realista, Ilo Ilo retrata uma época conturbada na Singapura dos anos 90. A atenção ao detalhe e o trabalho na construção das relações entre personagens são os pontos mais fortes do filme, que comove e liga-nos a elas de uma forma poucas vezes possível. Anthony Chen traz-nos uma história de amor e carinho entre as personagens mais improváveis, contada sem floreados. A crua realidade dita o futuro dos protagonistas.



Na realidade dura da doença e no aconchego doce do lar, Joaquim Pinto traz até nós um dos melhores filmes do ano: o seu premiado documentário E Agora? Lembra-me - um apelo à memória e um hino à vida e à luta, ao amor, à Natureza.



Dificilmente encontraremos A Grande Beleza, mas esta, que Sorrentino criou para nós, dá-nos uma lição de vida e cria uma torrente de emoções e de sentimentos que são quase impossíveis de exteriorizar. Porque o filme é muito mais do que o retrato da vida de um intelectual em decadência e seus semelhantes, mas sim uma personificação da vida de cada um - com as devidas hipérboles mas mantendo as mesmas dúvidas.



3. O Acto de Matar (The Act of Killing), de Joshua Oppenheimer, Christine Cynn e Anónimo, 2012
O desafio de colocar assassinos a encenar as suas façanhas mais macabras resultou num trabalho assombroso e visualmente fabuloso. Um contraste entre cores alegres e acções terríveis que se transforma, ao mesmo tempo, num documento histórico original e numa possível tomada de consciência pela parte dos agressores.



Alexander Payne trouxe-nos uma inesperada obra-prima e dá-nos uma lição de vida. Nebraska é uma melancólica história de sonhos desfeitos e de perseverança, acompanhada por um amor muito especial. Com os protagonistas, viajamos, a preto e branco, por uma América abandonada, desencantada e sem esperança.



Da Polónia, Ida apela a uma profunda reflexão sobre religiões, família, passado e presente, e, principalmente, que implicações pode ter esse passado nas decisões futuras. Pawel Pawlikowski mergulha por entre as sequelas do nazismo, por entre os dilemas da religião, na experiência e no conhecimento da vida.


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