quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Os Melhores do Ano: Top 20 [10º-1º] #2015

Depois da primeira parte do TOP 20 de 2015 do Hoje Vi(vi) um Filme, revelo agora os dez lugares que faltam, aqueles que foram os melhores do ano, estreados no circuito comercial de cinema em Portugal.

Eis o top 10:

10. As Mil e Uma Noites: Vol.2, O Desolado, de Miguel Gomes, 2015


O mais forte da trilogia de Miguel Gomes. O Desolado consegue provocar um misto de emoções que varia entre as lágrimas, as gargalhadas e a alienação. Três histórias fortes marcam o percurso deste filme, com a Portugalidade bem vincada, mas sem dó nem piedade do público, que tanto é levado a fugir pelos montes, como colocado num tribunal de acusações intermináveis, não deixando de conhecer as tragédias dos donos de um cão, Dixie.

9. Tangerinas (Mandariinid), de Zaza Urushadze, 2013


Um homem no meio de uma guerra que nada lhe diz respeito, mas que não quer partir. Um sentimento de pertença, de justiça, de respeito pela vida e pela morte. Tangerinas é um filme simples, comovente e duro que espelha, com clareza, o absurdo da guerra.



O convite irrecusável de J.C. Chandor para entrarmos numa viagem à máfia dos anos 80 chegou com Um Ano Muito Violento. O ambiente sujo e sombrio de Nova Iorque, as desconfianças que nos fazem olhar por cima do ombro a todo o momento e um inusitado mafioso ingénuo e cheio de sentido de justiça e moral ao comando como protagonista fazem desde filme um marco no cinema recente.



O ambiente pesado sente-se por todos os recantos da tela, as personagens não nos transmitem segurança e o desequilíbrio psicológico de du Pont perturba-nos. No fim e entre os receios da plateia, Foxcatcher traduz-se num retrato sóbrio e arrepiante de uma tragédia que assolou o desporto.



O batimento cardíaco aumenta ao ritmo do da bateria e o corpo acompanha a sonoridade jazz. No fim, faltar-nos-ão as forças ao ver tanto esforço, raiva e vontade de ser o melhor, mas a motivação não terá limites. Damien Chazelle traz-nos muita teimosia e suor, acompanhados à bateria, em Whiplash - Nos Limites, a sua segunda longa-metragem. Para além de um exercício de estilo cheio de ritmo, somos conduzidos nesta aventura por dois protagonistas fabulosos e de personalidade singular: Andrew Neimann e Terence Fletcher - tão diferentes, mas, afinal, tão iguais.



Com uma interpretação fabulosa de Charlotte Rampling, 45 Anos traz-nos a prova de como o amor pode trazer surpresas em todas as idades e como os segredos podem transformar uma relação. O ciúme não é linear e, afinal, há alguma idade limite para poder recomeçar?

4. Estações da Cruz (Kreuzweg), de Dietrich Brüggemann, 2014


A religião como um poder esmagador do ser humano em diversos sentidos é o que Estações da Cruz nos oferece, sem querer ser tão crítico como pode parecer à primeira vista. Maria é a nossa santa, a nossa jovem e convicta protagonista. Ela sabe bem o que quer e irá até às últimas consequências para tal. Excelente trabalho de argumento e realização, com planos fixos a construir as estações da via-sacra em que o filme se divide.

3. Amy, de Asif Kapadia, 2015


A vida de Amy Winehouse retratada num documentário envolvente e que faz lamentar, mais ainda, a morte prematura da estrela. A música, os vícios, a família, o amor e a depressão passam perante os nossos olhos e só gostávamos de poder voltar atrás e ajudá-la, evitando a tragédia.



Margherita é Moretti. Moretti queria ser Giovanni: moderado, consciente do que o futuro lhes reserva, sempre presente mas conformado, sem ilusões. Margherita não só é Moretti como poderia ser qualquer um de nós: com pouco tempo para tudo e todos os que a rodeiam, apegada à mãe e ao irmão, fragilizada, uma mulher completamente em negação que teima em não aceitar que a mãe pode morrer a qualquer momento. Inevitavelmente, na vida real, quer admitamos, quer não, a esperança é a última a morrer.



Leviatã, com o seu tom pesado mas descomprometido e provocador, é um alerta para o mundo, que não lhe ficou indiferente. Uma provocação, mas, acima de tudo, uma chamada de atenção, para que esta Rússia aqui filmada não perdure, e para que o espectador se indigne e revolte contra o "estado das coisas", e não se contente em ficar sentado a chorar junto ao esqueleto de uma baleia, por muito bela que a imagem seja.

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