quinta-feira, 21 de julho de 2016

Crítica: Victoria (2015)

"I'm the big driver."
Victoria
*8.5/10*

Um turbilhão de emoções ao longo de uma madrugada, em Berlim. Tudo em tempo real, sem cortes, sem pausas. Victoria é assim, uma aventura de mais de duas horas que não deixa ninguém respirar de ambos os lados da câmara e do ecrã.

Victoria é uma jovem espanhola a viver em Berlim, que se diverte na noite da capital alemã. Conhece quatro rapazes numa discoteca: Sonne, Boxer, Blinker e Fuß. Começam a falar, e Sonne e Victoria sentem-se atraídos um pelo outro, mas o romance é interrompido pelos outros. Por causa de uma dívida, acabam por arrastar Victoria para conduzir um carro roubado. O que começa como um jogo acaba por se tornar em algo perigoso.


O realizador Sebastian Schipper comanda uma equipa incansável e extremamente profissional numa corrida contra o tempo, onde o erro não é permitido - na ficção e na realidade. Pouco sabemos sobre as personagens que conhecemos na noite berlinense, mas ligamo-nos a elas, tal como Victoria.


A jovem espanhola gosta de sentir-se livre, de dançar, de conhecer gente nova num país que não é o seu. A barreira linguística que existe entre Victoria e os quatro jovens alemães torna-a ainda mais vulnerável naquela noite e, no meio das aventuras que se seguem, a protagonista ainda conhece menos do que nós, que assistimos. Mas ela não teme, apaixona-se pelo que a rodeia, aventura-se, quer explorar, sentir o perigo, mas até que ponto?

Victoria leva-nos numa degradação de emoções, sentimentos. desgaste físico e psicológico, numa escalada de violência, com o nascer da manhã - um trabalho fabuloso dos cinco incansáveis. Uma longa madrugada que pode mudar a vida das cinco personagens, onde, com elas, percorremos um sem número de sensações e deixamo-nos encantar por estes desconhecidos que emanam uma empatia fora do comum.


O produto final é contagiante, é impossível parar de seguir os passos de Victoria. E mesmo que, em alguns momentos, o argumento não brilhe, actores e equipa técnica oferecem-nos um corajoso projecto que nos entusiasma e deixa em tensão até ao último plano.

Sem comentários: