25-abril-billboard

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Crítica: Julieta (2016)

*7.5/10*

Almodóvar regressa ao mundo das mulheres, aos dramas familiares cheios de cor e de lágrimas. Regressa forte e cheio de personalidade, como tão bem nos tem habituado. Na condução desta tragédia novelesca estão duas grandes actrizes: Adriana UgarteEmma Suárez - elas são Julieta.

Julieta vive em Madrid com a filha Antía. Ambas sofrem em silêncio a perda de Xoan, o pai de Antía e marido de Julieta, mas, às vezes, a dor não aproxima as pessoas, afasta-as. Quando faz 18 anos, Antía abandona a mãe sem uma palavra. Julieta olha para ela de todas as maneiras possíveis, mas tudo o que descobre é o quão pouco conhece a sua filha.


As relações conturbadas, personagens desequilibradas, coincidências e situações pouco prováveis são a fórmula de Pedro Almodóvar que é infalível.  Depois de Os Amantes Passageiros, a destilar crítica social e muito humor, o cineasta espanhol regressa às mulheres, as suas musas, que tanto têm marcado a sua carreira.

Julieta domina o filme seja com o seu encanto e descontracção de juventude, a paixão, ciúmes e desconsolo de adulta ou com a sua tranquilidade, vergonha e arrependimento quando parecia já ter refeito a sua vida. Adriana UgarteEmma Suárez complementam-se na perfeição nas diferentes fases da vida da sua personagem.

Antía, por seu lado, é uma presença ausente fisicamente, sendo que apenas a conhecemos pela história que a mãe lhe escreve. A infância e adolescência revelam uma jovem muito ligada ao pai, mas que não parece ter nunca desenvolvido qualquer relação calorosa com a mãe, a quem, mesmo assim, se dedica na época mais difícil das suas vidas. Mas tudo muda, quer em Antía, quer em Julieta.


Mais do que a história dramática que nos oferece, Almodóvar consegue tão bem ironizar todas as situações, com a sua realização cheia de vida, emoções e alegria. Os padrões das paredes são vibrantes, as cores - com o vermelho sempre a predominar - contrastam com as depressões ou histerias da protagonista.

Tal como a vida, Julieta sustenta-se de encontros e desencontros e são eles que a fazem avançar, arrepender-se, mudar. Almodóvar regressou aos elogios à Mulher e fê-lo bem à sua maneira.

Sem comentários: