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sábado, 17 de dezembro de 2016

Crítica: Miss Violence (2013)

*8.5/10*

O auge do cinema grego, alcançado nos últimos anos, tem vindo a deixar marcas no mundo da Sétima Arte. Quando se pensa que já nada nos conseguirá surpreender, eis que chega da Grécia mais um filme cruel e sem dó na exploração das temáticas mais grotescas.

Miss Violence não é excepção.  Apesar de chegar aos cinemas portugueses com três anos de atraso, a longa-metragem de Alexandros Avranas, vencedor do Leão de Prata do Festival de Veneza para Melhor Realizador, merece todas as atenções.

Violentíssimo - como o nome indica -, perverso, que nos deixa impotentes e chocados em frente ao ecrã, Miss Violence segue a linha de Canino, de Yorgos Lanthimos, e clama por liberdade desde a primeira cena.


No dia do seu 11.º aniversário, Angeliki salta da varanda de casa com um sorriso no rosto. Enquanto a polícia e os serviços sociais tentam descobrir a razão por detrás deste aparente suicídio, a família insiste que foi um acidente. Que segredo levou Angeliki para o túmulo? Por que razão insistem os elementos da sua família em esquecê-la e seguir com as suas vidas?

O argumento constrói-se em volta de um extremo doentio e arrasador de violência doméstica. A perversidade das acções, filmada e assistida com uma naturalidade incómoda, com a vontade de agir reprimida pela autoridade da figura parental. A inocência dos mais novos contrasta com o medo incapacitante dos que conhecem a verdade.

A câmara de Avranas é tão controladora como o pai desta estranha família, com vários planos sequência invasivos. Pelo menos dentro daquela casa, não há espaço privado. O filme é comandado pela arrepiante interpretação de Themis Panou, o pai desta casa do terror.


Os segredos vão sendo revelados aos poucos e tudo será sempre pior do que se possa imaginar. Miss Violence é mais um exemplo da capacidade do cinema grego se reinventar, novamente em torno de uma família disfuncional.

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