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sexta-feira, 15 de setembro de 2017

MOTELx'17: Berlin Syndrome (2017)

"What would be the worst thing I could ever do to you?"
Andi

*8/10*

Sensual e doentio, Berlin Syndrome foi uma das melhores surpresas que o MOTELx'17 me trouxe. Cate Shortland adaptou o livro homónimo de Melanie Joosten e criou um ambiente claustrofóbico como poucos.

De férias em Berlim, a fotógrafa australiana Clare conhece Andi, um bonito professor de inglês berlinense. Uma atracção imediata ocorre entre os dois. Segue-se uma noite de paixão. Mas o que parece ser inicialmente o começo de um romance, assume contornos inesperados e sinistros quando Clare acorda na manhã seguinte para descobrir que Andi saiu para trabalhar e a trancou no apartamento. É claro que se pode tratar de um erro normal, mas Andi não tem intenções de a deixar sair.


Resumidamente, uma mulher independente vê-se aprisionada por um psicopata lindo de morrer. O que parece ser um amor à primeira vista torna-se num pesadelo para a protagonista. É daqui que parte Berlin Syndrome

Na verdadeira claustrofobia que a realizadora consegue transmitir - mais ainda depois de sermos convidados a visitar Berlim nos planos iniciais do filme -, cria-se um ambiente pesado, sufocante, que se transforma numa relação de erotismo e violência quando estão os dois actores em cena. Há uma relação de amor-ódio entre raptor e refém, mas igualmente entre a plateia e os protagonistas. Cate Shortland é capaz de criar um sentimento desconfortável também no espectador que torce por Clare, mas, por outro lado, gostava de ver Andi redimir-se. Irónico, até nós caímos no chamado Síndrome de Estocolmo, em Berlim.

Ele é carente, louco e claramente misógino. Ela é provavelmente o que ele mais odeia - e parece igualmente amar - numa mulher: bonita, curiosa e independente.


Teresa Palmer dá vida a Clare e mostra que há em si muito mais talento do que até aqui tinha revelado. Tem um papel exigente física e psicologicamente e o seu desempenho é excelente. Também o actor que interpreta AndiMax Riemelt, consegue ser tão ambivalente como a personagem pede, do mais brutal e sádico, ao mais frágil e desesperado. Os dois protagonistas demonstram ter uma química muito grande, o que só vem adensar o realismo de Berlin Syndrome.

Um filme que merecia estreia comercial em sala.

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